Livro As Profissões Imperiais

Em 1844 o Rio de Janeiro já contava com 19 lojas de modas (proprietárias francesas em sua maioria), 10 lojas de charutos, 5 lojas de rapé, 10 livrarias, 14 lojas de chá e 15 lojas de calçados, embora a grande maioria da população fosse miserável, analfabeta e andasse descalça.

Melhor estava a corte em 1865, pois então havia mais professores de piano e de canto do que dentistas e engenheiros: 74 contra 19 e 27, respectivamente. O ensaio de Edmundo Campos Coelho, professor e pesquisador do IUPERJ/ UCAM, poderia ser apresentado como uma obra escrita para sociólogos e historiadores ou um excelente livro de referência para as estantes de médicos, engenheiros e advogados, se o sociólogo não tivesse atingido, em seu ofício, a maturidade plena.

Partindo de uma minuciosa pesquisa sobre as três profissões mais conceituadas do período imperial, o autor não fica circunscrito à análise do tema principal, mas monta um painel da sociedade brasileira - da Independência à Revolução de 1930 - e amplia sua cartela de leitores.

Não se trata de um texto teórico, expositivo, escrito por um sociólogo conceituado. O escritor também se faz presente nos comentários paralelos, ora irônicos, ora críticos, e nos relatos surpreendentes sobre corporativismos profissionais e privilégios de classe no tempo dos imperadores, da República Velha e no pós 1930, quando "a regulação profissional moldou para as profissões de nível superior o estatuto de uma verdadeira aristocracia ocupacional".

As Profissões Imperiais soma aos parâmetros do ensaio uma narrativa atraente, liberta das amarras acadêmicas e das molduras conceituais, que não fica limitada ao espaço do Rio de Janeiro, à corte dos dois Pedros, às oligarquias da República Velha ou às transformações geradas pela era getulista, mas usa como contraponto as estruturas das sociedades européias - inglesa, francesa e alemã - e americana, fazendo um paralelo entre o Estado "laissez-fairiano", que beneficia os direitos individuais, e o regulatório, com o foco nos interesses nacionais, e estabelecendo as conseqüências das interferências governamentais na estratificação das sociedades e, em escala mais detalhada, na marcação de espaços do exercício profissional.

Para atestar a abrangência do ensaio de Campos Coelho, basta selecionar, entre os números relatos e citações incluídos no livro, meia dúzia de tópicos: a anarquia gerada pelas atividades de charlatões e empíricos após a Revolução Francesa; a criação, no ano de 1518, do Royal College of Physicians inglês, da Sociedade Médica do Rio de Janeiro, surgida sete anos após o Grito do Ipiranga, e do Instituto Polytechnico do Brasil; as declarações e atos de famosos juristas, políticos, médicos e engenheiros; as descrições do provincianismo da corte; as remunerações na época do Império.

Os personagens do ensaio são Rui Barbosa, Antonio Rebouças, Haddock Lobo, Pereira Passos, Paulo de Frontin, Joaquim Nabuco, Cesário Alvim, Barata Ribeiro, Miguel Couto, Moncorvo Filho, José Martins da Cruz Jobim, o médico das altezas imperiais, e outros ilustres cidadãos que se destacaram nos cenários do Império e da República do início do século.

O médico e sanitarista Júlio Afrânio Peixoto, que circulava com desenvoltura nos salões elegantes da sociedade carioca ao tempo da belle époque, nos meios "científicos", tinha sua fama "menos associada aos refinamentos da etiqueta social do que a uma peculiar obsessão com o adultério (mal hereditário, o adultério não teria cura, mas apenas profilaxia) e com o uranismo (entre outras características: pênis afilado, abundância de nádegas, conformação infundibuliforme do ânus), objetos de vários de seus escritos.

Prendas literárias e estimáveis relações sociais fizeram dele presidente da Academia Brasileira de Letras. Na apresentação do livro, feita pelo autor, fica claro que a análise objetiva, gerada pela interpretação dos fatos históricos e pela pesquisa documental, sobre um tema raramente analisado - a correlação entre poder, prestígio e o exercício profissional - não exclui, mas enfatiza, o humor e a crítica inteligente.

Nas primeiras páginas, Edmundo Campos Coelho confessa: "Receio, pois, que o leitor tenha em mãos um texto razoavelmente inclassificável. Talvez apenas um ensaio, de preferência no sentido literal. Compenso-o com a possibilidade de ler cada capítulo como um texto autônomo, pois o que faz de todos um conjunto é uma tênue linha narrativa na qual possivelmente não estará interessado."

Ficha Técnica do Livro

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Autor(es)
EditoraRecord
IdiomaPortuguês
ISBN8501056537 9788501056535
FormatoCapa comum
Páginas308
Livro físico na

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