Nos anos 50, quando a crítica literária brasileira era dominada pelos grandes “críticos de rodapé” — cuja figura maior foi o esquecido Álvaro Lins — o baiano Afrânio Coutinho (1911-2000) surgiu para inverter as prioridades.
Depois de criar, em 1948, a primeira cátedra brasileira de Teoria Literária, Coutinho, que se formara na tradição do New Criticism norte-americano, passou a lutar contra a crítica impressionista dominante.
Sua tese era de que o crítico devia se transformar em um grande disciplinador, a separar escolas literárias, gerir identidades e reputações e desenvolver técnicas de leitura. Devia observar a literatura não mais desde seu interior, mas — como fazem os cientistas — de fora.
Esse espírito de teoria e ordem, que se tornou dominante com a chegada ao Brasil das teses da Escola Estruturalista, nos anos 60, inspira esta Introdução à Literatura no Brasil, um clássico, pedra fundamental na teoria literária brasileira.
Ninguém melhor que Flora Sussekind diagnosticou a luta secreta entre o saber intuitivo e o saber acadêmico que se deflagrou na literatura brasileira a partir daí. De um lado, os críticos formados nas redações de jornais — os chamados “críticos de rodapé”, como o incansável Lins.
De outro, os que chegavam à universidade, com suas dissertações, princípios teóricos e protocolos. Nesse cenário, a figura de Afrânio Coutinho — primeiro direto da Faculdade de Letras da UFRJ, criada em 1968 — se torna crucial.
Coutinho é o símbolo de uma leitura especializada e acadêmica da literatura. Suas teses desqualificam e reprimem as dos críticos liberais e impressionistas que dominavam, na época, o meio literário brasileiro.
Para Coutinho, o estudo da literatura era uma ciência e exigia uma técnica; para seus adversários, era só mais um gênero literário. O embate até hoje repercute nas universidades e no jornalismo literário.
Nas últimas duas décadas, felizmente, as divergências abrandaram. Grandes doutores da academia frequentam, com desembaraço, as páginas dos suplementos da imprensa. Em movimento contrário, muitos críticos formados no calor das redações buscam, na universidade, uma ampliação de seu saber.
No cenário da literatura brasileira do século 20, por isso tudo, Afrânio Coutinho se torna uma figura central. Sua Introdução à Literatura no Brasil é, por isso mesmo, um livro do qual nenhum estudioso da literatura pode abdicar.
José Castello
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Autor(es) | |
Editora | Bertrand |
Idioma | Português |
ISBN | 8528603423 9788528603422 |
Formato | Capa comum |
Páginas | 336 |
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