Livro Poesia Amazonense no Século XX

Tabu ou não, vocábulo estranho num mundo utilitarista e pragmático, o fato é que a Poesia assume hoje um caráter de resistência, poderíamos dizer, em relação ao "precário", ao "bastardo", ao "miseravel", e exatamente num momento de descrédito dos valores fundamentais éticos e estéticos, e até historiográficos, quando se anuncia o fim do século e o "fim de tudo", esta coleção de antologias estaduais -não vai aqui privilégio algum em relação aos temas regionais -tem destacado a essencialidade da poesia brasileira, como um todo, em sua significação maior, universal.

Como a visão do cadinho cultural é ampla, abrangente, na variada face geográfica, temos acolhido as experiências formais de todo o século XX, quer o poeta se volte ao que perdemos, ao tradicional, ao conservadorismo, quer dessacralize a poesia ou amplie o seu alcance como linguagem criativa, elegendo outros níveis significantes.

É a riqueza poética do próprio século e é através da Poesia que os valores humanos -magia criada pela linguagem -sobreviverão, basta lembrar que todos os críticos da cultura de hoje (filósofos modernos) têm se ocupado da Poesia como verdade participante da vida individual e coletiva.

Pode parecer ocioso ou exagerado que se diga que a trajetória humana, em todos os tempos, se tem feito através da aventura poética, um verdadeiro código incomum, de profundeza existencial.

E tudo através do trabalho formal da linguagem, "flor que desabrocha nas profundezas do ser e fala dos universos pessoais e coletivos que se situam além da razão". Mas a Poesia é tudo isso?

Sim, ela é um estado especial do ser -o ser da verdade -que não se usa no escritório ou no laboratório. Alguém já considerou o signo poético como esperma espiritual, remetendo-o à profundidade da criação, que ultrapassa qualquer, empirismo da "desafeta" realidade.